terça-feira, 14 de agosto de 2007

UMA PESSOA MARAVILHOSA CHAMADA

ESPÍRITO SANTO

A personalidade do Espírito Santo

é claramente inferida do testemunho bíblico

Por José Carlos Ramos

Publicado na Revista Adventista de Agosto de 2001.

Dos membros da Santíssima Trindade, o terceiro é Aquele de quem há menos informações objetivas, precisas, que definam o Seu próprio Ser. O filho Se tornou um de nós. Sua manifestação foi visível, material, em nosso nível. O Pai foi por Ele revelado. Mas o Espírito permanece um tanto imperceptível, à parte, despretensioso, operando sem auto-projeçáo, não Se impondo, não falando "de Si mesmo" (João 16:13) - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. E no próprio ato do desprendimento, Ele cumpre a divina obra que O faz conhecido. È. parte de Sua gloria exaltar e glorificar o Filho, e através do Filho, o Pai, fazendo com que a revelação de ambos se efetive na consciência humana. Que exemplo de abnegação!

No quarto Evangelho, o Espírito executa sete atividades, todas em exaltação a Jesus:

(1) Ensinar,

(2) e fazer lembrar tudo o que Jesus disse - (João 14:26) - Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

(3) Dar testemunho de Jesus - (João 15:26) - Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. .

(4) Convencer do pecado, porque o mundo não crê em Jesus; da justiça, porque Ele foi para o Pai; e do juízo, porque Satanás foi julgado e derrotado - (João 16:8) - E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo.

(5) Guiar a toda a verdade, e Jesus é a verdade - (João 14:6) - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 16:13) - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.

(6) Declarar, ou anunciar, o que Jesus, da parte do Pai, lhe entrega - (João 16:13) - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. (João 16:14) - Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.(João 16:15) - Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

(7) Glorificar a Jesus - (João 16:14) - Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.

O Apocalipse refere-se a Ele como os sete Espíritos de Deus (Apocalipse 1:4) - João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do seu trono;

(Apocalipse 1:5) - E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, (Apocalipse 4:5) - E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus. Sete é o número da plenitude. O Espírito alcança a plenitude nesta atividade cristocêntrica sétupla.

Isso é tão fundamental para o plano da redenção, que, sem a atuação do Espírito, seria como se Jesus nunca tivesse encarnado e Deus nunca tivesse Se manifestado. Ele habilita o homem a entender a salvação e responder positivamente a ela. Sem Ele, a Igreja não poderia cumprir Sua missão, e estaríamos fadados a permanecer neste mundo indefinidamente.

Objeto de especulação.

Talvez o fato de existir pouca informação sobre o Espírito Santo faz com que uma conceituação sobre Ele se torne mais susceptível de especulação. Nos dias de Ellen G. White, havia aqueles que afirmavam que o Espírito era uma "luz derramada" e "uma chuva caída". Ela condenou esse tipo de comparação por rebaixar a Deus (Evangelismo, pág. 614).

Mais afrontoso ainda é toorna-Lo por uma criatura. Há os que acreditam que Ele e Gabriel se equivalem. A inspiração nega isso fazendo clara distinção entre ambos no registro das palavras deste anjo a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito Santo..." (Lucas 1:35) - E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus. Gabriel não poderia estar falando de si mesmo. E Ellen G. White assegura que o seguidor de Jesus pode sentir-se confiante e seguro no conflito "contra as hostes espirituais da maldade", porque "mais que anjos estão nas fileiras. O Espírito Santo, o representante do Capitão do exército do Senhor, desce para dirigir a batalha”.- O Desejado de Todas as Nações, pág. 352. Rebaixar o Espírito Santo à categoria de anjo é, na realidade, minimizar o poder de Deus, algo muito a gosto de Satanás.

Outra forma especulativa no tratamento de tão sublime tema, é despojar o Espírito de Sua personalidade. As chamadas Testemunhas de Jeová afirmam que Ele é apenas uma influencia ou energia - o poder de Deus. Esta idéia é tão antiga quanto o século III, quando Paulo de Samosata a difundiu. No tempo da Reforma, Lécio Socino e seu sobrinho Fausto propagaram a teoria.

Não há como negar que este conceito rebaixa o valor do Espírito Santo para a Igreja. L.E. Froom a isto se refere quando afirma que negar a personalidade do Espírito não é "mera questão técnica, acadêmica ou simplesmente teórica. É de suprema importância e do mais elevado valor prático. Se Ele é uma Pessoa divina e O consideramos como influência impessoal, estamos roubando desta Pessoa divina a deferência, honra e amor que lhe são devidos. E mais: Se o Espírito é mera influência ou poder, podemos então procurar apropriar-nos dEle e usá-Lo”.A Vinda do Consolador, pág. 40. A pág. 36 da edição castelhana acrescenta-se ao final deste parágrafo: "Mas se O reconhecemos como Pessoa, estudaremos como nos submeter a Ele de modo que nos use segundo Sua vontade”.

"Não - continua Froom -, o Espírito Santo não é uma tênue, nebulosa influência imanente do Pai. Não é algo impessoal, vagamente reconhecido, apenas um invisível princípio de vida... Jesus foi à personalidade mais influente e marcante neste velho mundo, e o Espírito Santo foi designado para preencher Sua vaga. Nada a não ser uma Pessoa poderia substituir aquela maravilhosa Pessoa. Nenhuma simples influência seria suficiente”.-Ibidem, págs. 41 e 42. Para substituir uma pessoa maravilhosa, só outra pessoa maravilhosa.

Alguns se valem do fato de a Bíblia identifica-Lo como Espírito de Deus ou de Cristo (I João 4:2) - Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; (I Corintios 3:16) - Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (Gálatas 4:6) - E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. (I Pedro 1:11) - Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. (entre outros textos), para afirmar que o Espírito Santo é algo inerente a Deus, tal como a Sua energia ou virtude. Todavia, a fórmula indica procedência e não inerência (João 14:26) - Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. (João 15:26) - Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. Pode também indicar que Sua obra é escutada em subordinação ao Pai e ao Filho. Parte desta obra é a representação

Vicária de ambos neste mundo. De fato, Jesus prometeu aos discípulos que retornaria para eles na pessoa do Espírito Santo (João 14:16) - E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; (João 14:17) - O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. (João 14:18) - Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. (João 14:23) - Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.

Outro expediente utilizado pêlos que rejeitam a personalidade do Espírito Santo tem a ver com o gênero neutro do grego pneuma, espírito. "A Bíblia não empregaria uma palavra neutra para identificar uma personalidade", dizem. Contra esta hipótese se verifica que o termo é usado em referência a entidades reconhecidamente pessoais. "São todos eles espíritos mi nistradores..." afirma o escritor sagrado acerca dos anjos (Hebreus 1:14) - Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?

Além disso, o Novo Testamento emprega fartamente pronomes pessoais gregos em referência ao Espírito Santo. Apenas em João 14-16 isso ocorre 24 vezes, e Ele próprio faz referência a Si com o pronome pessoal: "Disse-lhe o Espírito [a Pedro]: Estão ai dois homens que te procuram; le­vanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque Eu os enviei" (Atos 10:19) - E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam. (Atos 10:20) - Levanta-te pois, desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei. Deve-se notar, finalmente, que o título Parákletos, aplicado ao Espírito Santo e vertido Consolador em nossas Bíblias, subentende a Sua personalidade. Etimologicamente significa alguém chamado para estar ao lado de, "advogado" e "conselheiro", sendo apropriados equivalentes em português.

Condenando as especulações, o Espírito de Profecia adverte: "A natureza do Espírito Santo é um mistério. Os homens não a podem explicar, porque o Senhor não lho revelou. Com fantasiosos pontos de vista, podem-se reunir passagens da Escritura e dar-lhes um significado humano; mas a aceitação desses pontos de vista não fortalecerá a Igreja. Com relação a tais mistérios - demasiado profundos para o entendimento humano - o silêncio é ouro”.- Atos dos Apóstolos, pág. 52.

Um Ser pessoal

Quando Ellen G. White afirma que "a natureza do Espírito Santo é um mistério", não quer ela dizer que nada podemos saber sobre Ele. Aquilo que a revelação nos transmite não é especulação; é a realidade, e é nosso dever aceitar por fé.

Dois pontos sobre o Espírito Santo estão devidamente assentados nas páginas sagradas: Ele é uma pessoa, e é Deus. "O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus”.- Evangelismo, pág. 617.

A personalidade do Espírito Santo é claramente inferida do testemunho bíblico. As seguintes referencias não deixam dúvida a respeito:

(1) Ele é citado entre pessoas: "Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo" (Atos 15:28) - Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias:. Além disso. Ele aparece na fórmula batismal junto ao Pai e ao Filho (Mateus 28:19) - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; seria redundância Jesus mencionar o Espírito Santo, tendo já mencionado o Pai, fosse Ele a mera energia dEste; também não teria sentido Jesus ordenar o batismo em nome de uma Pessoa, o Pai, de outra Pessoa, o Filho, e agora em nome de uma energia, o Espírito.

(2) Ele é Senhor (II Corintios 3:17) - Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. (II Corintios 3:18) - Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. Este termo define personalidade e divindade quando aplicado ao Pai e ao Filho; porque não quando aplicado ao Espírito?

(3) Ele possui mente (Romanos 8:27) - E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos. O termo grego traduzido "mente" neste texto em algumas versões é phrónema (alguma coisa que se tem em mente, que passa pela mente, o pensamento), em contraste com nous (a mente como sede da consciência, da reflexão, da percepção, do entendimento, do julgamento crítico e da determinação). O importante é que phrónema pressupõe a existência de nous. Apenas um ser pessoal é dotado de nous, e pode exercer phrónema. O Espírito Santo é um ser pensante, o que implica inteligência. Ele não pode ser menos que uma pessoa.

(4) Ele tem sentimentos:

• pode ser contristado - (Efésios 4:30) - E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.

• expressa anseio - (Tiago 4:5) - Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?

• possui alegria - (I Tessalonicenses 1:6) - E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo.

• ama - (Romanos 15:30) - E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus;

expressa vontade - (I Corintios 12:11) - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

(5) Pode, e deve, ser mantida comunhão com Ele (Filipenses 2:1) - PORTANTO, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, (II Corintios 13:13) - A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém. Não se mantém comunhão com uma energia.

(6) Não é mero poder, mas tem poder (Romanos 15:19) - Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. Seria outra redundância a Bíblia falar do poder do Espírito Santo, fosse Ele mero poder; seria "o poder do poder!”

(7) Pode-se mentir a Ele (Atos 5:3) - Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Mente-se a uma pessoa e não a uma energia.

(8) Pode-se-Lhe resistir (Atos 7:51) - Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. É possível cumprir o papel de um resistor (componente que impede, ou atenua, o fluxo da corrente elétrica) para com o Espírito Santo? Sim, e isto o pecador faz quando, diante do apelo divino, prefere permanecer no erro. Mas isso não significa que o Espírito Santo não seja uma pessoa, pois não é apenas a uma energia que se resiste. Pessoas também podem ser resistidas, incluindo Deus . O texto fala de se resistir às claras evidências da verdade, apresentadas pelo Espírito Santo.

(9) Pode-se guerrear contra Ele (Gálatas 5:17) - Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. O que é uma intensificação de resistência ao Espírito Santo.

(10) Pode-se ultrajá-lo (Hebreus 10:29) - De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Como é possível ultrajar uma energia? Ultrajar se liga naturalmente ao sentido de afrontar, insultar, difamar, injuriar, ofender, deprimir, vilipendiar, desacatar, vituperar, envergonhar. Como se pode fazer tudo isso a uma energia?

(11) Pode-se blasfemar contra Ele Como se blasfema contra o Filho (Mateus 12:31) - Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. É possível blasfemar contra uma energia? Blasfema-se contra uma pessoa, como é o caso de Jesus aqui.

(12) Ele executa específicas funções próprias, não de uma energia, mas de uma pessoa:

sonda, perscruta a Deus - (I Corintios 2:10) - Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.

concede dom para a edificação da Igreja- (I Corintios 12:8) - Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; (I Corintios 12:12) - Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.

manifesta-Se nesses dons - (I Corintios 12:7) - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. (em outras palavras, ao conceder dons à Igreja o Espírito Se dá a ela)

contende com pecadores - (Gênesis 6:3) - Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.

ordena sobre itens relevantes para a obra e o povo de Deus - (Atos 8:39) - E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. (Atos 10:19) - E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam. (Atos 10:20) - Levanta-te pois, desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei.

envia pessoas no processo do cumprimento de alguma missão - (Atos 10:19) - E, pensando Pedro naquela visão, disse-lhe o Espírito: Eis que três homens te buscam. (Atos 10:20) - Levanta-te pois, desce, e vai com eles, não duvidando; porque eu os enviei.

ensina o que uma vez ouviu - (João 16:13) - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. (ouvir não é próprio de uma energia) (João 14:26) - Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. (I Corintios 2:13) - As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.

revela, especialmente pelo exercício profético - (Atos 1:16) - Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus; (II Pedro 1:21) - Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. (I Timóteo 4:1) - MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;

testifica através da intuição na consciência, bem como com o testemunho da Igreja - (Romanos 8:16) - O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. (Atos 5:32) - E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem. (Apocalipse 22:17) - E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.

move o agente humano na captação da revelação divina - (II Pedro 1:21) - Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

incute novas realidades ainda não percebidas - (Hebreus 9:8) - Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,

indica a correta compreensão do que é revelado - (I Pedro 1:11) - Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir.

guia os filhos de Deus - (Romanos 8:14) - Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus; inclusive na busca de "toda a verdade" - (João 16:13) - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir.

assiste nas fraquezas - (Romanos 8:26) - E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

intercede corrigindo nossas ora coes - (Romanos 8:26) - E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

produz frutos na vida dos que se submetem a Ele - (Gálatas 5:22) - Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.

(Gálatas 5:23) - Contra estas coisas não há lei.

lava e renova, o que resulta em salvação - (Tito 3:5) - Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. Em (João 3:5) - Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.

(João 3:6) - O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito; este ato é referido por Jesus em termos do novo nascimento

escreve a lei de Deus nas tábuas do coração - (II Corintios 3:3) - Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.

santifica - (II Tessalonicenses 2:13) - Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; (I Pedro 1:2) - Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.

sela os que são de Deus - (Efésios 1:13) - Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.

Conclusão

Que pessoa maravilhosa é o Espírito Santo! Que humildade, que interesse, que desvelo! Ele nos ama a ponto de instar conosco a que sejamos salvos. Ele está disposto a aplicar em nossa vida a obra redentora da cruz em toda a sua extensão. A exemplo do Pai e do Filho, Ele anseia por nossa presença no reino de Deus. Já Ihe agradecemos por isso?

De fato, Ele é um precioso Amigo. Se O resistirmos, magoa-Lo-emos, e Ele poderá Se afastar triste e pesaroso por nossa indelicadeza e apego aquilo que resultará em nossa infelicidade permanente. Mas se O acolhermos. Ele tomará posse do nosso ser, far-nos-á crescer até a semelhança com Jesus e até colocar os nossos pés na cidade celestial.

"Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração" (Hebreus 4:7) - Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações.

domingo, 5 de agosto de 2007

DIVINDADE DE JESUS

José Carlos Ramos

Professor de Teologia no Instituto Adventista do Nordeste

MATÉRIA PUBLICADA NA REVISTA ADVENTISTA

Maio e Junho de 1991

A subordinação de Jesus a Deus, verificada em Sua vida na Terra, não conspirou.

Contra a Sua divindade.

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Denominam-se passagens subordinativas aquelas que explicitamente afirmam a sujeição de Jesus ao Pai. Estão entre as mais citadas: (Mateus 26:39) - E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. (Mateus 26:42) - E, indo segunda vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. (João 4:34) - Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. (João 5:19) - Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. (João 5:30) - Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou. (João 14:28) - Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu. (I Corintios 11:3) - Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. (I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. (Filipenses 2:7) - Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

(Filipenses 2:8) - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Filip. (Hebreus 5:8) - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.

A doutrina do subordinatismo, surgida no segundo século e esposada por alguns Pais da Igreja, entre os quais Justino Mártir, Orígenes e Irineu, foi, em realidade, uma tentativa racional de explicar o relacionamento entre as pessoas da Trindade. Mas a integridade divina do Filho e do Espírito Santo acabou seriamente comprometida. No quarto século, o arianismo, rejeitando a plena divindade do Verbo, atribuiu-Lhe uma natureza subordinada, isto é, inferior à do Pai. Em nossos dias, grupos religiosos que negam a existência da Trindade, como as Testemunhas de Jeová, se valem das passagens subordinativas para sustentar um ponto de vista semelhante.

Como Adventistas do Sétimo Dia, afirmamos "que Jesus Cristo é verdadeiramente Deus, sendo da mesma natureza e essência que o eterno Pai".' Neste estudo tentaremos demonstrar que a subordinação de Jesus, conforme exposta nas Escrituras, não depõe contra nossa posição cristológica.

"Humilhou-Se a Si mesmo"

Comecemos por aquelas passagens que claramente fazem referencia ao ministério terrestre de Jesus e que, portanto, devem ser consideradas na perspectiva da humilhação a que Se submeteu ao Se encarnar.

Jesus veio ao mundo para cumprir a missão que o Céu Lhe cofiou. Em (João 4:34) - Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. Esta missão é chamada "a vontade dAquele que Vê enviou" e "a Sua obra". Ela estava vinculada à redenção humana, para cuja efetuação foi requerera a total submissão do Filho ao propósito divino. (Hebreus 5:8) - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. Afirma que, através da obediência, Jesus foi "aperfeiçoado", isto é, atingiu a maturidade física e espiritual indispensável para oferecer um sacrifício idôneo, todo suficiente para torná-lo "o Autor da salvação eterna para todos os que Lhe obedecem" (Hebreus 5:9) - E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem; Naturalmente esta maturação tinha que ver com Sua natureza humana, posto que Sua divindade sempre foi perfeita em todos os aspectos.

Sua humanidade, todavia, carecia de desenvolvimento. Embora Ele possuísse perfeição relativa a cada fase da vida, não deveria enfrentar a morte senão no memento certo, ideal, estabelecido pelo Pai em Sua sabedoria. Jesus Se capacitou para esse momento mediante inteira confiança nas providências de Deus e estrita obediência às Suas orientações.

Assim, se Jesus viesse a morrer antes do tempo determinado, Sua missão resultaria inacabada e se­ria de se duvidar que houvéssemos sido salvos. Chances de morrer antes da hora Ele teve e muitas. Mas de tal forma consagrou-Se ao comprimento de Sua missão, e de tal forma colocou-Se nas mãos do Pai, que a morte não pôde atingi-Lo senão no momento próprio (João 7:30) - Procuravam, pois, prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele, porque ainda não era chegada a sua hora. (João 7:44) - E alguns deles queriam prendê-lo, mas ninguém lançou mão dele. (João 8:20) - Estas palavras disse Jesus no lugar do tesouro, ensinando no templo, e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora. No empenho de obstar a Jesus na jornada rumo à cruz, o inimigo empregou todos os meios possíveis para, ou levá-Lo ao pecado, ou criar situações através das quais pudesse eliminá-Lo. Em ambos os casos, ter-Lhe-ia sido fácil utilizar a própria divindade para Se livrar. Mas isto não era o que devia fazer. Plena submissão ao plano de Deus e total dependência dEle eram-Lhe requeridas em quaisquer circunstâncias.

Devemos também notar que Jesus não encarou situações de rico com indiferença, como se pouco Lhe importasse viver ou morrer. Tampouco foi sensível a elas por mero amor à vida. Sabia que, para ser o Redentor, teria que morrer um dia. Mas sabia também que, segundo a vontade de Deus, tinha que viver até esse dia. Sua vontade de tal forma se identificou com a vontade divina que, nas vezes em que Se viu ameaçado, insistiu com o Pai, e isto "com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas" (Hebreus 5:7) - O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. para que fosse preservado, e assim prosseguisse até o fim, até o momento culminante de Seu ministério. Quando esse momento chegou, muito ao contrário de orar ao Pai por livramento, disse: "Minha alma está agora conturbada. Que direi? Pai, salva-Me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que Eu vim”.(João 12:27, Bíblia de Jerusalém.). (João 12:27) - Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.

Ao entrar no Getsémani, Sua alma se angustiou extremamente, tendo em vista a natureza da morte que O aguardava. Daí Sua tríplice oração: "Se possível, passe de Mim este cálice!" Mas ainda a vontade de Deus Lhe era soberana: "Todavia, não seja como Eu quero, e, sim, como Tu queres”. (Mateus 26:39) - E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. Sua plena submissão ao propósito divino conduziu-O finalmente ao Calvário.

A cruz, portanto, é, neste contexto, o grande clímax de uma atitude de obediência da pane do Filho, que se iniciou no momento da encarnação ("eis aqui estou para fazer, ó Deus, a Tua vontade",) (Hebreus 10:9) - Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. E se desenvolveu num crescendo de intensidade até o momento em que nossa redenção foi assegurada "está consumado!" (João 19:30) - E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. O que equivale a "completei a obra que o Pai Me deu". Paulo alude a este fato quando afirma que Ele "a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte, e morte de cruz" (Filipenses 2:8) - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

É evidente, pois, que a vontade de Deus envolveu todo o ser de Jesus e determinou-Lhe o inteiro curso da vida. Cada atitude de Jesus foi regida pela vontade do Pai. "Não elaborava planos para Si mesmo. Aceitava o que Deus fazia a Seu respeito e o Pai os desdobrava dia a dia” (João 5:19) - Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. (João 5:30) - Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou. Devem ser entendido à luz desse fato: "Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de Si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai... Eu nada posso fazer de Mim mesmo; na forma por que ouço, julgo... Não procuro a Minha própria vontade, e, sim, a daquele que Me enviou”.

Em primeira instância, essas palavras soam como uma adequada reprimenda aos judeus incrédulos que procuravam matá-Lo por julgarem-nO transgressor do sábado (João 5:18) - Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. "Não Me censurem. Estou fazendo apenas aquilo que vejo Meu Pai fazer”.Mas elas indicam também Sua perfeita adesão à vontade de Deus em todo o transcurso da vida. Ele "cuidava dos negócios de Seu Pai quando mourejava na banca de carpinteiro tanto quando operava milagres em favor da multidão". É verdade também que todos os atos que praticou visaram à salvação do homem. Tornar-Se o Salvador foi Sua grande motivação, uma motivação coincidente com a vontade de Deus (João 6:39) - E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.

(João 6:40) - Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

Relacionamento funcional

A pergunta que se nos impõe neste ponto é: A subordinação de Jesus a Deus, verificada em Sua vida terrestre, conspirou de alguma forma contra Sua divindade? Absolutamente.

Essa subordinação não se verificou num plano de relacionamento essencial, e sim funcional. Não era um Deus menor prestando obediência a um Deus maior. Isto seria politeísmo e não o que a Bíblia ensina. Vemos um Ser, em tudo igual a Deus, que Se encarnou e passou a conviver com uma natureza humana passiva de um desenvolvimento necessário e passível de ser logrado apenas no caso de plena submissão a Deus. Foi para cumprir a função de nosso Substituto e Exemplo, e assim tornar-Se o nosso Salvador, que Cristo viveu como viveu e morreu como morreu, sempre em submissão ao plano divino.

Que Sua subordinação não Lhe furtou um jota ou um til sequer de Sua igualdade com Deus, infere-se do fato de que as Escrituras atribuem a Ele essa igualdade ao tampo em que testificam de Sua subordinação. Basta que observemos o contexto das passagens aqui consideradas.

(Hebreus 5:8) - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. Por exemplo, pertence a uma epístola que já em sua abertura afirma a divindade de Jesus: Ele é a expressa imagem do Pai, o Agente da Criação, o Sustenedor do Universo, e o Revelador de Deus (Hebreus 1:2) - A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. (Hebreus 1:3) - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas. O próprio Pai reconhece Sua divindade chamando-O Deus e ordenando aos anjos adorá-Lo (Hebreus 1:6) - E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. (Hebreus 1:8) - Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de eqüidade é o cetro do teu reino. (Filipenses 2:8) - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Contém uma das declarações cristológicas mais significativas de Paulo. O contexto imediato (Filipenses 2:5) - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, (Filipenses 2:6) - Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,(Filipenses 2:7) - Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;(Filipenses 2:8) - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.(Filipenses 2:9) - Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;(Filipenses 2:10) - Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,(Filipenses 2:11) - E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai. Merece uma análise cuidadosa que ficará para uma oportunidade posterior. Por ora, basta-nos observar que no verso (Filipenses 2:5) - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Jesus é referido como nosso modelo, o que estabelece o caráter funcional de Sua submissão no verso (Filipenses 2:8) - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. A seguir, o verso (Filipenses 2:6) - Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, alude à igualdade de Jesus com Deus. Do que Ele Se esvaziou ao encarnar (Filipenses 2:7) - Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; tem sido matéria de discussão teológica. Seja do que for. Seu esvaziamento não deve significar uma diminuição em Sua realidade divina. O mais provável é que o apóstolo esteja se referindo à posição de exaltação e glória que Jesus desfrutava junto ao Pai. (João 17:5) - E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.

Quanto a (João 5:19) - Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. É desnecessário dizer que os escritos joani­nos são os que mais expressam a divindade de Jesus. O contexto imediato desta passagem, porém, não pode ser passado por alto. No verso (João 5:17) - E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Jesus afirma: "Meu Pai trabalha até agora e Eu trabalho também”.Deus é Seu Pai não porque Ele é Pai de todos e, portanto Seu também. O que Jesus pretende aqui é a igualdade com o Pai, o que os judeus percebem muito bem (João 5:18) - Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Uma vez estabelecido este ponto, Jesus faz, no verso (João 5:19) - Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente, três declarações muito significativas:

l?) "O Filho nada pode fazer de Si mesmo.”Isto, como se viu, indica Sua dependência do Pai e plena subordinação a Ele. Observe que Ele afirma não poder agir independentemente, não porque não tenha capacidade para tal, mas porque não Lhe é próprio fazê-lo. Sua missão é revelar o Pai e não ser um rival dEle. E revelação requer subordinação.

2) "Senão somente aquilo que vir fazer o Pai.”Esta afirmação deve ser observada em consonância com o que é dito no verso (João 5:20) - Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. ”Porque o Pai ama o Filho e Lhe mostra tudo o que faz.”No grego o verbo mostrar está no presente continuo — o Pai nunca cessa de mostrar Sua obra ao Filho. Não se trata de uma simples exibição ao Filho daquilo que o Pai faz. Ver aqui transcende a mera visão ocular. O fazer de Jesus não é simples imitação do fazer do Pai, pois os versos (João 5:22) - E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; (João 5:27) - E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Declaram que não é o Pai que julga e sim o Filho. Ora, se o Filho faz somente aquilo que Ele vê o Pai fazer, temos que convir que Ele julga não porque meramente viu o Pai julgando alguém (isto é declarado que o Pai não faz), mas porque Ele sonda o intimo do Pai, vê nEle a realidade fundamental do julgamento, e está apto para cumprir Seu propósito vinculado ao juízo. Só Alguém igual ao Pai poderia atribuir para Si prerrogativa tal. Com efeito”, ninguém conhece o Pai senão o Filho.”(Mateus 11:27) - Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Relacionamento essencial

3) "Tudo que Este fizer o Filho também semelhantemente o faz.”Mais uma vez a unidade essencial de ambos é declarada. A cláusula de subordinação (relacionamento funcional) deve ser entendida à luz da cláusula de igualdade (relacionamento essencional). Qualquer coisa que difere de Deus é inferior a Deus, pois Deus é absoluto e único. É justamente porque Jesus é igual a Deus que Ele nada pode fazer de Si mesmo, e faz somente o que Ele vê o Pai fazer. Ele não poderia dizer:” Faço coisas por Mim mesmo ou diferentes das do Pai “, e ainda evocar igualdade com o Pai. A conclusão lógica é que Sua subordinação não é apenas combatível com Sua igualdade com Deus. Ela a pressupõe.

Teoricamente parece existir, nos termos dessa unidade essencial, uma subordinação recíproca entre o Pai e o Filho. Ó mesmo Jesus que no Getsêmani orara "faça-se a Tua vontade", pouco depois reagiu ao gesto impetuoso de Pedro de forma a substanciar esta hipótese: "Embainha a tua espada... Acaso pensas que não posso rogar a Meu Pai, e Ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?" (Mateus 26:53) - Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? O Pai estava pronto para atender o Filho e livrá-Lo da cruz. Bastava que Ele o quisesse.

"O Pai é Maior do Que Eu"

As palavras de (João 14:28) - Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu. "O Pai é maior do que Eu", também não negam a igualdade de Jesus com o Pai. O termo grego meizon-maior — não tem um sentido qualitativo, como querem os que rejeitam a divindade plena de Jesus, mas quantitativo. Caso a idéia expressa fosse "natureza divina inferior", Kreitton, que expressa melhor o sentido qualitativo, seria um termo mais apropriado, como em (Hebreus 1:4) - Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Onde é dito que Jesus é superior aos anjos. A passagem, portanto, deve ser entendida à luz da encarnação, e uma vez mais o relacionamento funcional, e não o essencial, é subentendido. "Esta é uma descrição de Sua posição como um servo e não uma comparação de natureza ou qualidade", como quando Jesus declarou: "Eu e o Pai somos um" (João 10:30) - Eu e o Pai somos um. (João 14:28) - Ouvistes que eu vos disse: Vou, e venho para vós. Se me amásseis, certamente exultaríeis porque eu disse: Vou para o Pai; porque meu Pai é maior do que eu. Deve também ser entendido à luz de seu contexto imediato. A ascensão de Jesus ao Pai seria um beneficio para os discípulos, pois o Espírito Santo have­ria de ser enviado (João 16:7) - Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. Jesus à direita do Pai significa a outorgação de maior poder para a Igreja. A este respeito Hoskyns afirma: "No quarto evangelho a expressão maior que significa de poder e autoridade maior que (João 4:21) - Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai (João 8:53) - És tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E também os profetas morreram. Quem te fazes tu ser?. (João 10:29) - Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. (João 13:16) - Na verdade, na verdade vos digo que não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. (I João 3:20) - Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas. E este sentido deve ser relevante aqui. A humilhação do Filho envolveu, de alguma forma real, uma separação do Pai. Sua glorificação e retorno ao Pai restaura-Lhe uma posição através da qual pode comunicar aos discípulos maior poder”.Por isso Jesus declarou: "Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em Mim, fa­rá também as obras que Eu faço, e outras maiores fará, porque Eu vou para junto do Pai" (João 14:12) - Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. Todavia, não são obras qualitativamente maiores, pois neste caso os discípulos seriam superiores ao Mestre. Mas Jesus declarou momentos antes de Sua ascensão: "Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações..." (Mateus 28:18) - E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.

(Mateus 28:19) - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. De fato, a Igreja deve realizar uma obra quantitativamente maior, isto é, mais vasta, mais ampla, que àquela realizada por Jesus. Não a fará, porém, em sua própria força, mas através do poder que a ela é assegurado no fato de que Jesus está entronizado à direita do Pai.

Assim o verdadeiro subordinatismo, aquele esposado pelas Es­crituras e que se deduz da maneira como Jesus conduziu Sua vida neste mundo, é perfeitamente coerente com Sua realidade divina.

Mais duas passagens subordinativas devem ser consideradas: (I Corintios 11:3) - Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. (I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. Em contraste com as anteriores, dizem respeito ao Cristo glorificado e exaltado à direita do Pai, mas a exemplo daquelas, falam de Sua subordinação sem Lhe furtar a dignidade divina.

I Cor. 11:3 "Deus, o Cabeça de Cristo"

"Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem o cabeça da mulher, e Deus o cabeça de Cristo”.Com estas palavras o apóstolo Paulo introduz algumas recomendações (I Corintios 11:4) - Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça.(I Corintios 11:5) - Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.(I Corintios 11:6) - Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.(I Corintios 11:7) - O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem.(I Corintios 11:8) - Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. (I Corintios 11:9) - Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. (I Corintios 11:10) - Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. (I Corintios 11:11) - Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no SENHOR.(I Corintios 11:12) - Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus.(I Corintios 11:13) - Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?(I Corintios 11:14) - Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?(I Corintios 11:15) - Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.(I Corintios 11:16) - Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus. Quanto ao comportamento do homem e da mulher, particularmente condizentes com o contexto social e religioso local e do tempo do apóstolo, mas aplicáveis, em seus princípios, a qualquer época e lugar. O tema é palpitante e digno de um estudo à parte.

Em (I Corintios 11:3) - Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo, o apóstolo afirma três coisas: (1) o homem é o cabeça da mulher; (2) Cristo é o cabeça de todo homem; (3) Deus é o cabeça de Cristo. Alteramos a ordem das afirmações para enfatizar que uma gradação de autoridade pode ser aqui observada. Deus é a autoridade maior e Cristo ocupa posição de mediação. Sua subordinação a Deus e Seu senhorio sobre o homem emprestam significado à subordinação e senhorio no âmbito terrestre. Há aqui qualquer indicação de uma divindade inferior da parte do Filho? Atentemos antes para as outras duas afirmações.

Quando é dito que Cristo é o cabeça do homem, não significa que Ele não é o cabeça da mulher também. Este é um fato importante para o assunto da igualdade dos sexos perante Deus. Outros textos se referem a Cristo como "cabeça da Igreja" (Efésios 5:23) - Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. (Colossenses 1:18) - E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência; e esta é composta de homens e mulheres. A luz do evangelho toda e qualquer discriminação perde sua razão de ser. "Não pode haver... nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. (Gálatas 3:28) - Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.

O homem é o cabeça da mulher no que tange a esta vida com suas implicações sociais, as quais encontram na vida conjugal sua maior expressão. Daí a recomendação apostólica de que a esposa seja submissa ao marido "como ao Senhor" (Efésios 5:22) - Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao SENHOR; (Efésios 5:23) - Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo.

(Efésios 5:24) - De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. (Colossenses 3:18) - Vós, mulheres, estai sujeitas a vossos próprios maridos, como convém no Senhor. (Tito 2:5) - A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada. É também uma questão de preocidade existencial já que o homem foi criado antes da mulher, dele ela procede e ela veio a existir por causa dele (I Corintios 11:8) - Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem.(I Corintios 11:9) - Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Mas nada disso envolve qualquer sentido de inferioridade feminina. A mulher é apenas lembrada do dever de cumprir o papel provido por Deus para ela. Como diz Champlin: "A mulher não é espiritualmente inferior ao homem, mas está subordinada a ele nesta esfera terrestre, especificamente a seu próprio marido”.

No mesmo contexto em que a prioridade do homem é declarada, lemos: "No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher. Porque, como provem a mulher do homem, assim também o homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus" (I Corintios 11:11) - Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no SENHOR. (I Corintios 11:12) - Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus. Portanto, uma dependência mútua entre os dois é estabelecida. Ambos possuem direitos e deveres que serão reciprocamente respeitados e cumpridos caso a consciência da igualdade comum seja mantida. E neste dar e receber ambos se completam e realizam.

Seria diferente o sentido de submissão na esfera celestial, divina? Absolutamente. Paulo, com efeito, alude a três ordens de submissão entre iguais: (1) da esposa ao marido, ambos possuidores de todas as prerrogativas humanas; (2) da Igreja a Cristo, o qual para Se tornar o Seu cabeça, identificou-Se com ela, adotando a natureza humana ao ponto de Se tornar igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hebreus 2:14) - E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; (Hebreus 2:17) - Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. (Efésios 5:30) - Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. (Efésios 5:31) - Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. (Efésios 5:32) - Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja; e (3) de Cristo a Deus, considerando que Ele, embora tenha adotado para sempre a natureza humana, continua sendo "Deus essencialmente, e no mais alto sentido".

É evidente, portanto, que em (I Corintios 11:3) - Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo; temos mais um exemplo de submissão em termos de um relacionamento não essencial, mas funcional. Igualdade de natureza não significa necessariamente igualdade de posição. Tampouco diferença de posição signi­fica necessariamente diferença de natureza ou essência. "Existe aquela força suprema. Deus Pai, o qual opera por intermédio do Filho de Deus, o qual, por Sua vez, opera por meio do Espírito Santo... Quanto á posição e à tarefa, certas distinções devem ser feitas... Mas isto é um arranjo divino, que não se alicerça sobre qualquer inferioridade de seres, mas antes, numa lógica divina de posição”.Dizer que Cristo é um Deus inferior por ter o Pai por cabeça é tão irrazoável quanto dizer que a mulher é um ser humano inferior por ter o homem por cabeça. A dedução nos parece lógica e irretorquível.

I Cor. 15:27 e 28 (I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

"O Próprio Filho também

Se Sujeitará"

"Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos Seus pés. E quando diz que todas as coisas Lhe estão sujeitas, certamente exclui Aquele que tudo Lhe subordinou. Quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas, então o próprio Filho também Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”.

A luz das conclusões precedentes, não há por que supor que nessa passagem Paulo atribui a Jesus uma natureza divina inferior. Somente uma interpretação "forcada", estribada nalgum conceito antitrinitário, poderia conduzir a tal hipótese. Sua subordinação a Deus não Lhe denegriu a divindade plena, quer enquanto neste mundo quer de volta ao Céu após a ressurreição. Por que o faria na consumação dos séculos?

A passagem situa-se no grande capítulo da ressurreição (I Corintios 15:1) - TAMBÉM vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. (I Corintios 15:2) - Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.

(I Corintios 15:3) - Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, (I Corintios 15:4) - E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.(I Corintios 15:5) - E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze.

(I Corintios 15:6) - Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. (I Corintios 15:7) - Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos.

(I Corintios 15:8) - E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo.

(I Corintios 15:9) - Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. (I Corintios 15:10) - Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo.

(I Corintios 15:11) - Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido.

(I Corintios 15:12) - Ora, se se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? (I Corintios 15:13) - E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. (I Corintios 15:14) - E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. (I Corintios 15:15) - E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam.

(I Corintios 15:16) - Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. (I Corintios 15:17) - E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. (I Corintios 15:18) - E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. (I Corintios 15:19) - Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.(I Corintios 15:20) - Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem.(I Corintios 15:21) - Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem.(I Corintios 15:22) - Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.(I Corintios 15:23) - Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.(I Corintios 15:24) - Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. (I Corintios 15:25) - Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.(I Corintios 15:26) - Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.(I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.

(I Corintios 15:29) - Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? (I Corintios 15:30) - Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? (I Corintios 15:31) - Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. (I Corintios 15:32) - Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos. (I Corintios 15:33) - Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. (I Corintios 15:34) - Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa. (I Corintios 15:35) - Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão?(I Corintios 15:36) - Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.(I Corintios 15:37) - E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente.(I Corintios 15:38) - Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo.(I Corintios 15:39) - Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves.

(I Corintios 15:40) - E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. (I Corintios 15:41) - Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.(I Corintios 15:42) - Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção.(I Corintios 15:43) - Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.(I Corintios 15:44) - Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. (I Corintios 15:45) - Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante.

(I Corintios 15:46) - Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. (I Corintios 15:47) - O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu.(I Corintios 15:48) - Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. (I Corintios 15:49) - E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial.(I Corintios 15:50) - E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.

(I Corintios 15:51) - Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados;(I Corintios 15:52) - Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.

(I Corintios 15:53) - Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade.(I Corintios 15:54) - E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.(I Corintios 15:55) - Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?(I Corintios 15:56) - Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. (I Corintios 15:57) - Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso SENHOR Jesus Cristo.(I Corintios 15:58) - Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. E é por demais significativa para ser passada por alto. Deve ser considerada em seu contexto escatológico com ênfase na consumação final quando o plano da redenção alcançará total cumprimento. É, pois, de importância singular para o presente estudo. Ela envolve as implicações da sujeição de Jesus na erradicação definitiva do pecado.

Primeiramente observemos o que o apóstolo está dizendo:

"Todas as coisas sujeitou debaixo dos Seus pés”.Esta é uma claríssima referência ao (Salmos 8:1) - Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, pois puseste a tua glória sobre os céus!(Salmos 8:2) - Tu ordenaste força da boca das crianças e dos que mamam, por causa dos teus inimigos, para fazer calar ao inimigo e ao vingador.(Salmos 8:3) - Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste;(Salmos 8:4) - Que é o homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?

(Salmos 8:5) - Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste.(Salmos 8:6) - Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:(Salmos 8:7) - Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,(Salmos 8:8) - As aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares.(Salmos 8:9) - Ó SENHOR, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a terra! Oonde é afirmado que no princípio Deus sujeitou todas as coisas a Adão (Salmos 8:6) - Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés. Paulo interpreta o salmo messianicamente e aplica-o a Jesus (Hebreus 2:5) - Porque não foi aos anjos que sujeitou o mundo futuro, de que falamos.(Hebreus 2:6) - Mas em certo lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem, para que dele te lembres? Ou o filho do homem, para que o visites?(Hebreus 2:7) - Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos, De glória e de honra o coroaste, E o constituíste sobre as obras de tuas mãos;(Hebreus 2:8) - Todas as coisas lhe sujeitaste debaixo dos pés. Ora, visto que lhe sujeitou todas as coisas, nada deixou que lhe não esteja sujeito. Mas agora ainda não vemos que todas as coisas lhe estejam sujeitas. O sentido é que a partir da ressurreição cada coisa deve ser subordinada a Jesus. Ele é o segundo Adão.

"... exclui Aquele que tudo Lhe subordinou”.Dois fatos são aqui declarados: (l) Ë o Pai quem subordina todas as coisas ao Filho. Mas isto não significa que o Filho não possui o mesmo poder que o Pai. Muito ao contrário, confirma aquilo a que já nos referimos — que Jesus participa da mesma essência divina do Pai. Paulo jamais nega que o Filho possui idêntico poder de subjugar todas as coisas (Filipenses 3:21) - Que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas. Na realidade o Pai aqui sujeita todas as coisas ao Filho no próprio ato de o Filho sujeitar todas as coisas a Si mesmo (I Corintios 15:24) - Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. (I Corintios 15:25) - Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Não podemos esquecer que Jesus, no cumprimento do propósito divino, realiza não apenas as mesmas obras do Pai (João 5:17) - E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. (João 5:19) - Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. (João 5:20) - Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.(João 5:21) - Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. (João 14:11) - Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim; crede-me, ao menos, por causa das mesmas obras, mas as próprias obras do Pai (João 7:16) - Jesus lhes respondeu, e disse: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. (João 8:16) - E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou. (João 9:4) - Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar. (João 14:10) - Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Em outras palavras, o Pai age na própria ação do Filho.

(2) Tudo deve ser subordinado a Jesus, exceto Deus, pois o processo que culmina com a subordinação de todas as coisas ao Filho objetiva que finalmente todas as coisas voltem a estar sob o domínio de Deus. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. Pela mesma razão ocorre a subordinação do Filho, declarada em seguida.

"O próprio Filho também Se sujeitará..." Uma criação que se rebelou contra Deus deve ser restaurada ao domínio de Deus. Isto é feito através do plano da redenção cujo cumprimento foi confiado ao Filho (João 3:35) - O Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos. (João 13:3) - Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus e ia para Deus. O desempenho de Jesus é tal que todas as coisas acabam subordinadas a Ele, e, através dEle, ao Pai. Assim o plano da redenção em seu propósito último depende da sujeição de Jesus. Faltando esta, o plano ficará frustrado.

A sujeição de Jesus é referida nos versos (I Corintios 15:24) - Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força.(I Corintios 15:25) - Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Nestes termos: "E então virá o fim, quando Ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo o principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que Ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos Seus pés”.O paralelo com (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. È evidente. "... destruído todo principado, bem como toda potestade e poder" e "... haja posto todos os inimigos debaixo dos Seus pés" se equivalem, e correspondem a "quando, porém, todas as coisas Lhe estiverem sujeitas". Por sua vez, "... quando Ele entregar o reino ao Deus e Pai" corresponde a "... o próprio Filho Se sujeitará Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou". O tempo para Jesus entregar o reino, ou sujeitar-Se, é referido como "o fim". Este é o fim absoluto, "o fim final" que segundo (I Corintios 15:26) - Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte, irrompe com a destruição da morte, o último inimigo. Aponta, portanto, não para a segunda vinda, mas para o fim do milênio quando "a morte e o inferno" serão "lançados no lago de fogo" (Apocalipse 20:14) - E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. Em outras palavras, com o aniquilamento de Satanás, o último rebelde, a própria morte será aniquilada. "O fogo que consome os ímpios, purifica a Terra. Todo vestígio de maldição é removido", e o planeta ressurge em sua perfeição edénica. Com este derradeiro ato de Cristo no trato com a rebelião, é colocado o ponto final no plano da redenção. Então, ao Ele Se sujeitar a Deus, propicia-se que os efeitos da execução deste plano sejam desfrutados para sempre. Isto equivale a dizer que o pecado jamais se levantará outra vez.

Não devemos supor que Paulo afirme nos versos (I Corintios 15:24) - Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. I Corintios 15:25) - Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés,que Cristo reinará apenas até que o último inimigo seja vencido, e que, uma vez alcançado esse último triunfo, entregará a Deus o reino para deixar de ser Rei. Os ofícios messiânicos de Jesus são eternos, tanto quanto a Sua pessoa. Para sempre Ele é Profeta, isto é, o meio da revelação divina; Sacerdote, isto é, o Medianeiro entre Deus e a criação; e Rei, isto é, o Primogênito de toda a criação, o Cabeça do Universo. O apóstolo está simplesmente dizendo que Cristo reina desde Sua ressurreição, quando toda a autoridade Lhe foi conferida no Céu e na Terra (Mateus 28:18) - E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. (Filipenses 2:9) - Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Filipenses 2:10) - Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, Filipenses 2:11) - E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai. É exatamente no desempenho de Suas atribuições reais que Ele subjuga os inimigos. Mas toda esta obra de subjugação é feita mediante a ação de Deus, para quem convergem os resultados. É ainda na qualidade de Rei que Ele Se sujeita a Deus, tal como Davi, tipo do Rei messiânico, o fez no passado. Acabará não o reinado de Cristo, pois este é eterno (Lucas 1:33) - E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. (II Pedro 1:11) - Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. (Apocalipse 11:15) - E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre, mas a dimensão de Seu reinado vinculada com o procedimento com o pecado.

"Para que Deus seja tudo em todos”.Aquilo que procedeu de Deus volta para Deus. "Esse é o grande desígnio e o propósito da sujeição de todas as coisas a Cristo. Aquele que é a fonte de toda a vida, tor­na-Se igualmente para todos o alvo e a perfeita concretização da existência inteira, de todos os seres”.Para este ponto converge o todo da missão de Jesus. Ele "não descansará até que a supremacia do Pai seja universalmente reconhecida, e nada esteja além do salutar controle de Deus”.

Cristo, o segundo Adão.

Concluindo este estudo, meditemos um pouco na sujeição de Jesus como garantia de que o mal, além de ser erradicado, jamais se levantará outra vez. Este aspecto envolve a função de Cristo como Cabeça representativa da humanidade a exemplo de Adão ao ser criado. Devemos também considerar como o pecado entrou neste mundo.

Paulo se refere a Cristo como segundo ou último Adão no próprio contexto de (I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos. Um contraste em termos de morte e vida é feito entre Adão e Cristo no verso (I Corintios 15:22) - Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Nos versos (I Corintios 15:45) - Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. (I Corintios 15:46) - Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual.

(I Corintios 15:47) - O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o SENHOR, é do céu. (I Corintios 15:48) - Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais, eles são novamente referidos agora num contraste entre realidades terrenas e celestiais. No verso (I Corintios 15:45) - Assim está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante, Cristo é explicitamente chamado "o último Adão". Além disso, em (Romanos 5:12) - Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (Romanos 5:13) - Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. (Romanos 5:14) - No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.

(Romanos 5:15) - Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.

(Romanos 5:16) - E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação. (Romanos 5:17) - Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. (Romanos 5:18) - Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. (Romanos 5:19) - Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos - o apóstolo mais uma vez contrasta os dois, desta vez abordando a problemática do pecado e sua divina solução. Estes textos têm sido utilizados na sustentação da doutrina do pecado original que não nos cumpre aqui discutir. Basta-nos apenas lembrar que a presença do pecado neste mundo deriva de um ato de desobediência da parte do primeiro homem.

Como Deus sujeitou todas as coisas aos pés de Adão para que ele fosse o dominador da Terra (Gênesis 1:26) - E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.

(Gênesis 1:27) - E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

(Gênesis 1:28) - E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra - assim Deus sujeitará todas as coisas aos pés do segundo Adão para que Ele seja o dominador não apenas da Terra mas de todo o Universo (Filipenses 2:10) - Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, (Filipenses 2:11) - E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o SENHOR, para glória de Deus Pai - o que explica ser Ele o primogênito, o cabeça de toda a criação (Colossenses 1:15) - O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; (Colossenses 1:16) - Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. (Colossenses 1:17) - E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. (Colossenses 1:18) - E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. (Colossenses 1:19) - Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, (Colossenses 1:20) - E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.

Em (I Corintios 15:27) - Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. (I Corintios 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos - Paulo procura demonstrar que o segundo Adão não tomará a mesma altitude de rebeldia do primeiro Adão. Deus sujeitou todas as coisas aos pés deste, e deu-lhe o domínio da Terra recém-criada, para que ele, sujeitando-se ao Criador, permitisse que Deus fosse o supremo dominador. Ao lançar mão do fruto proibido, uma clara atitude de não sujeição a Deus, Adão passou o domínio a Satanás, '' a quem se sujeitou obedecendo-lhe a voz. Satanás exerceu então o domínio (Lucas 4:6) - E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero - e colocou-se como deus deste mundo (II Corintios 4:4) - nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus. Portanto, se por um ato de insubordinação a Deus o pecado ganhou este mundo, através da subordinação a Ele o pecado será extirpado (Romanos 5:18) - Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. (Romanos 5:19) - Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos. Pode o leitor perceber até onde os efeitos da sujeição de Jesus alcançam?

O que Adão se negou a fazer. Cristo fará. Destruído o último inimigo, Cristo estará numa situação equivalente à de Adão antes da queda — Ele terá todas as coisas submissas a Si. Então o segundo Adão terá chegado, em Sua própria esfera, ao solene momento correspondente àquele no qual o primeiro Adão deveria comprovar sua sujeição a Deus, não o fazendo contudo. Mas o segundo sujei-tar-Se-á "para que Deus seja tudo em todos". E no transcurso da eternidade Cristo jamais deixará de ser submisso. Assim o domínio de Cristo será o domínio de Deus. Nunca mais o pecado se fará presente pois o reinado de Cristo não terá fim (Lucas 1:32) - Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; (Lucas 1:33) - E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. Cristo é a segunda oportunidade para o homem se mostrar fiel. Damos garças porque esta oportunidade não será desperdiçada. Todos os remidos, mais o restante da criação, em submissão a Cristo e este a Deus comporão os infindáveis domínios dAquele de quem, por quem, e para quem são todas as coisas.

CRIAÇÃO DA TERRA – ÉDEN: Adão no domínio da terra – QUEDA: Adão não se sujeita a Deus – MUNDO EM REBELIÃO: Satanás impõe seu domínio – JESUS: Submisso ao Pai, o Filho cumpre o Plano da Redenção – TEMPOS ESCATOLÓGICOS: “Cristo Reina” Todas as coisas vão sendo sujeitadas a Seus pés – CONSUMAÇÃO FINAL: Morte Último inimigo é destruída – ÉDEN RESTAURADO ETERNIDADE: Todas as coisas sujeitadas ao segundo Adão este sujeita-Se a Deus, Deus no domínio total do universo.